segunda-feira, 9 de março de 2009

As cartas não são para mim

Todos os dias eu vou até a caixinha do correio para buscar as correspondências, isso não faz parte do meu cronograma, mas ainda assim, o faço na esperança de encontrar entre tantas, alguma que seja "TO: Bruna" e não seja "FROM: Suntrust" ( Suntrust: Banco)

Essa história de viver correndo e poder gastar apenas alguns minutos entre uma garfada e outra no horário do almoço para digitar um e-mail à um amigo querido, nos ausentou da importância de escrever cartas e recebê-las.

Sim, cartas, aquele meio de comunicação elegante e obsoleto que precisa de tempo, de concordância, coerência, emissor e receptor e que não faria sentido se fosse preenchida com niilísmos como miguxa, vc, naum, blz, etc...

Eu digo aquela, escrita a punho que lhe vaz através da caligrafia, imaginar os sentimentos que preenchiam as mão que lhe escrevera. Que ao ser aberta, mesmo que irreal, aguçaria o seu olfato a ponto de sentir o cheiro de quem a redigira.

Sabe aquele cartão que faria o seu amigo passar vários minutos procurando entre tantos, um que melhor se aproximasse de você, da sua história, dos seus gostos ou da própria ocasião, aquele cartão que sem pretensão lhe tornava exclusivo? Tornou-se inexistente.



Hoje a Betsy recebeu uma carta. Era o veterinário dizendo pra que ela avisasse aos pais que precisa visitar o consultório veterinário e que será ótimo fazê-la reencontrar grandes amigos.



Até tu, Betsy?



Como a vida é irônica. Eu estou aqui, hábil a lê-las, dia após dia checando a caixinha do correio e elas não chegam. A coitada da Betsy, recebe-as e não pode lê-las.



Não, isso não é um apelo, portanto espero que elas não comecem a chegar depois desse post.

domingo, 8 de março de 2009

Era uma vez....
Um cinema, um filme que marcou a história, a trilha sonora que ocupou o primeiro lugar de sucesso.
Era uma vez uma turma, uma fileira de amigos, uma pipoca, uma troca de olhares e uma história muito interessante por vir.

Um QUINQUILHÃO de coisas.

Hoje ao receber um link pelo messenger e deixar algumas lágrimas rolarem, pensei:

- Tem coisas que realmente eu sinto saudade!


Forever and ever!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Cheers, you got it!



Entre uma caixa de Cheeze-it e o meu teclado, escapam-me as palavras. Seis meses. Estou tomando o meu Mojito "by myself" bebemorando sozinha a data que, de certa maneira, nunca tive a certeza que chegaria.


Seis meses é tempo demais, impossível contabilizar nesse tempo quantas vezes presentearam-me com um: "Have fun!", e "Good Job!"


Ainda me lembro exatamente o que fazia há seis meses, nesse mesmo momento. Tentava dormir, no cantinho mais aconchegante, depois de ouvir as canções mais brasileiras e relembrar os abraços mais apertados.
A língua já não me é tão estrangeira, assim como as ruas que percorro nos caminhos cotidianos. O dono do posto de gasolina, já tem o meu nome em sua memória e o cartão para ligações internacionais em mãos, quando estaciono o carro.
Nos corredores da escola, eu também sirvo para orientar os novatos, desde o dia em que deixei de fazer parte dessa categoria.
Consigo identificar qual o tempo necessário de ficar parada no semáforo até que ele mude de cor, e que se ao cruzar a 5th avenue não ver o ônibus escolar no sinal de STOP é sinal de estaremos atrasados para a escola.


Seis meses.



quarta-feira, 4 de março de 2009

Eu brincava de amarelinha...


Na época em que os sapatinhos eram "boneca" e os amigos do papai diziam que "eu daria trabalho", naquela época em que a minha maior preocupação era ensaiar para o comercial do DANONINHO, que nunca foi ao ar.


Aquelas coisas que aconteciam há muitos anos atrás, como comer goiabada que a vovó fazia com os frutos da goiabeira do quintal.


No tempo em que a Rapha só fazia birra, a Lari vivia com as pernas roxas, o Guigo nos ensinava tocar bateria com as panelas da vovó, o Rapha e o Ma nos ajudava a transformar o quintal em uma danceteria, colocando flanelas nos lustres e deixando a iluminação laranja.


Naquele tempo em que eu e Amandinha viviamos com os patins nos pés e a cabeça nas nuvens, que eu e a Bel brincavamos de desfile de modas com os nossos variados trapézios de bolinha, que o Muri era gorducho e tinha cabelinhos arrepiados, que a Nani, tinha aqueles olhos negros gigantes e aquele riso escancarado.
Quando o Marcelo era Dande e o Rick era Cacá. Quando a Tami tinha medo de tudo, até de acender o fogão, a Jéssica não comia nada e o Jú era o mais certinho da turma. Tempo em que a Rê me sacaneava e roubava a minha Coca Cola no almoço de domingo.
Quando o palhaço faísca animava as festas da Fer, e o Alex fritava a melhor batata de todas. Tempo em que brincávamos de descobrir desenhos em bolinhos de chuva e queimávamos a língua por não esperar o sonho da mamãe esfriar.

Memórias retrô, com elas vou até a avenida Brasil pra comemorar a copa do mundo. Passo o domingo no clube e dou grandes mergulhos.
Me lembro das viajens mais furadas, como um certo baratal. Me transporto ao sítio pra tomar banho de cachoeira, passear com a Criscka ou entrar no casarão mal assombrado.

Um tempo em que passávamos o dia bolando como roubar a barra de chocolate de 2kg da geladeira com direito a estratégias e divisão de responsabilidades. Um certo tempo em que esperávamos as férias pra fazer piquinique.

Um dia em que existia o bar do Koreano e a avenida era lotada.

Quando as melhores brincadeiras eram: forca, passa anel, verdade ou desafio, esconde-esconde, pular elástico, queimada ou dirigir um onibus com os bancos da vovó no quintal.
Caça tesouros nos aniversários, busca aos ovos na páscoa, e esperar o bom velhinho no natal, coisas que valiam muito.


Eu fui uma criança que preencheu seu albúm de figurinhas, não teve au pair e foi feliz.


Diante disso gostaria de saber porque inventaram o vídeo game e tiraram das crianças de hoje o incrível sabor da felicidade, e mais, delegaram a mim a incrível missão de manter três Pré-adolescentes americanos longe dessa invenção.

terça-feira, 3 de março de 2009

Uma menina fora da lei

Um dia eu fui um exemplo a ser seguido, mas há muito, muito tempo atrás...



Logo na minha primeira semana eu tive um encontro com o policial que dançava forró. Fiquem tranquilos, não foi um "affair" e também não aconteceu em nenhuma balada americana.
Era um dia de semana, mais precisamente uma manhã, quando voltava da escola dos meninos e vi um ônibus escolar parado.
A lei de trânsito americana é muito rígida em relação a isso. Se dirigindo pelas ruas deste país você encontrar um ônibus escolar parado para deixar alguma criança, não importe o que esteja fazendo, pare o carro, caso contrário pode conhecer o tal policial do forró ou receber a multa de maior penalidade.

Voltando...
Eu vi o ônibus amarelo parado em uma faixa do lado oposto da avenida e pensei que por estar na quinta faixa não deveria parar e segui, cantando e feliz da vida. Eu vi um carro de polícia atrás de mim, mas acostumada com aquele escândalo que a polícia brasileira faz ao parar um veículo, não imaginava que aquela única luz significava o "Pare ou você estará encrencada!" e não foi a toa que me encrenquei.
Minutos depois pensei:
-O policial deve ser meu vizinho, está indo pro meu bairro.
Quando estacionei, pensei:
-Ele mora na nossa garagem...... Ops, tem alguma coisa errada.

Saí do carro. Grande burrada.

Encrenca número 1. Não ter parado para o ônibus escolar.
Encrenca número 2. Não ter parado quando o policial acendeu a maldita (invisível) luz
Encrenca número 3. Descer do carro
Encrenca número 4. Não ser fluente.

Depois de um bom tempo tentando explicar o inexplicável ao tal policial, eu descobri que ele dançava forró.

Como?
A cada passo que eu dava para frente, ele dava um para trás. Estava comprovado: ele dançava forró!
E não havia nenhuma explicação mais justa.
Depois do episódio, o "santo Steve" me ajudou a sair da encrenca ilesa e me disse que devo manter uma certa distância do policial, a tal distância de segurança. Agora sim ficou explicado o lance do forró.

Depois disso, a moda é ser parada pela polícia. Eu ja fui alvo mais três vezes, mas nessas eu fui considerada uma pessoa "normal".

No entanto hoje, acabei de pagar a minha primeira multa. A primeira da minha vida.
Dirigindo acima da velocidade no único lugar em que eu não poderia ter ido, acho que eu virei uma menina fora da lei.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Depressão pós neve.

Nunca vi algum fenômeno natural mais belo do que floquinhos de neve caindo do céu. É capaz de deixar os olhos razos d'água em um primeiro momento, as mãos congeladas no segundo e a imagem perfeita cravada na memória eternamente.
Mas depois que o céu se cansa de apresentar seu espetáculo, o que nos sobra é a depressão pós neve.

Eu passei os primeiros meses do inverno praticando a dança da chuva diariamante pra ver se serviria para transformá-la em neve, mas não chovia, e claro, não nevava.

Um dia, os metereologistas afirmaram que no dia seguinte nevaria. Pronto, motivo de festa e ligações para todos os amigos. Mas a espera não se fez necessária, minutos depois, a caminho do shopping, vejo uma chuva fininha de "algodão doce" pousando no pára-brisas e na manhã seguinte, o meu mundinho ficou branco.




Hoje, depois de algumas vezes presenciando o incrível fenômeno, devo admitir que não é nada incrível quando ele acontece aos domingos a noite ou durante a semana. Aliás, se a minha dança da neve deu realmente certo, eu nunca soube, no entanto se aconteceu, essa técnica deve ter vazado aos ouvidos dos professores americanos e agora, todos os domingos eles devem se reunir e praticá-la.

Nada mais original da parte deles, visto que quando neva as crianças não têm aula no dia seguinte.


E não é que agora só neva aos domingos?


http://video.msn.com/?mkt=pt-br&vid=e662afa0-4b5c-4cf2-ae4f-498c5094faa2&playlist=videoByTag:tag:neve:ns:public:mk:pt-br:sf:ActiveStartDate:sd:-1:vs:0&from=PTBR_AFP&tab=m1192538568249


domingo, 1 de março de 2009

Ela não precisa mais de mim


Hoje o meu mundo desabou.
Todas as mães devem sentir um aperto no coração quando percebem que seus filhos estão bem crescidinhos e não precisam mais delas. Nada mais normal.

Mas e quando invertem-se os papéis? Existe algum manual que me explique o que fazer quando minha mãe não precisar mais de mim?

Essa tecnologia toda realmente mudou a minha mãe. Começou nas pequenas coisas. Na infância eu era necessária para levantar do sofá e mudar o canal da TV, até que um dia inventaram o controle remoto e tornaram-me desnecessária. Anos depois eu reconquistei o mérito e desta vez com um desenvolvimento profissional, decorando bolos, embalando ovos de páscoa, decorando cestas, desenvolvendo tabelas de preços, imprimindo-as ...bla...blá...blá.
Na última páscoa ela me mostrou ser uma boa observadora ao decorar cestas lindíssimas sem a minha ajuda.
A minha indignação prosseguiu ao chegar em uma festa e encontrar o bolo perfeito. Ela não precisou de mim para decorá-lo.


Dias antes de partir apresentei a ela a importância da informática, especialmente para diminuir a nossa saudade. Mais que depressa ela se mostrou uma ótima aluna, capaz de produzir o que quiser, enviar quantos e-mails precisar e digitar na velocidade da luz, e digo mais, se precisar de ajuda, ela pode ligar para qualquer sobrinho e obter uma resposta pronta, ou seja, perdi também o mérito de "Fonte de Pesquisa".

A páscoa está chegando, eis o motivo pelo qual o meu mundo desabou.
Hoje ela me disse que inventaram uma máquina de embalar ovos de páscoa. Isso mesmo, uma MÁQUINA.

Você sabe o que isso significa?
Inventaram uma máquina "Bruna" no mercado de embalagens! É o fim!

Eu continuo precisando dela. Porque quando leio uma receita, não encontro escrito "Filha, não esqueça daquele truque!", portanto eu continuo ligando para ela a cada nova receita que eu tente.
Mas depois de toda essa tecnologia eu me tornei completamente desnecessária.

Gente, a tecnologia roubou a minha paz e mudou a minha mãe, isso é um absurdo!

Meu mundo desabou, ela definitivamente não precisa mais de mim.