sábado, 28 de março de 2009

Pronto, falei!

O motivo para iniciar um blog, poderia ser apenas uma maneira barata de promoção pessoal, mas particularmente não passa de uma atividade cotidiana de relembrar minha língua materna.

Tudo bem, opiniões surgirão, tumultuando essa afirmação. Como alguém que passou 22 anos falando português pode esquecê-lo em um ano? Não foi bem isso que eu disse.

É fato que a escrita é o produto da prática e a qualidade do meu produto diminuiu relativamente depois que parei de praticá-la, mas é lamentável deparar-me com frases como essa na minha página de recados do orkut: "Me add no novo perfiu. Abrasso." E para poder comentar esse tipo de coisa, penso: Porque demorei tanto para criar um Blog?

Me diga se uma frase como essa não mereceria um post a parte? Claro que sim.
Primeiro porque, pela gramática da sentença, logo se vê que a pessoa não é minha amiga, não pela falha, mas porque se fosse, não se empenharia tanto para me tirar do sério.

Preparem-se senhoras e senhores, porque agora lhes apresentarei o motivo de maior vergonha e indignação: a autora da frase recebeu o mesmo diploma de graduação que eu, atenção especial para o título, Letras com habilitação em Português e Inglês. Como alguém com precariedades como esta, aliás, falta de habilidade para um curso que carrega o peso dessa palavra em seu próprio nome, conseguiu tal proeza.

Desculpem-me pela sinceridade, mas o lado bom de ter um blog é fazer uma das coisas que mais gosto, escrever, e o outro lado, é fazer o melhor, escrever exatamente o que penso, sem me importar com a repercussão.
Portanto, que leiam os amigos, que leia a homenageada, porque como prova de que colhemos o que plantamos, considero esse post uma resposta a lamentável cena que meus amigos universitários tiveram o desprazer de presenciar no dia que lhes apresentei um vídeo de homenagem falando de toda a nossa trajetória.

Receio pelo futuro da geração dos meus filhos, geração esta que deparar-se-á com tamanha desqualificação na área educacional, fruto do que já é lamentável na geração atual.
Esse é um dos nomes que irá para a minha listinha de "Se encontrar o nome do(a) professor(a) do seu filho na lista abaixo, por favor mude-o de escola urgente, não contribua com uma geração de ignorantes"

Mas se todos os pais, colocarem o mesmo nome na lista, não precisarão culpar-se pelo desemprego, deve estar sobrando vaga no mercado negro, eles nem exigem muita qualificação profissional, são bem flexíveis. Veja uma amostra do trabalho deles na foto abaixo:


Pronto, falei!

Amigos e brigadeiro

Tem duas coisas maravilhosas que eu não vivo sem: Amigos e brigadeiro.

Amigos, pessoas queridas que ficaram em um outro continente, mas continuam ocupando aquele espaço gigantesco dentro de mim, alguns presentes diariamente na minha webcam, nas caixas de e-mail, nos recados do orkut, outros menos frequentemente, mas ainda estão por lá. Alguns para me cobrar a resposta do e-mail nunca respondido, outros pra me dar bronca a distância, só falar da saudade, da vida, ou me mandar e-mail engraçados que me fazem rir sozinha ou pra me emocionar com eles.

Alguns acharam melhor desaparecer, e que assim seja, que fiquemos longe da tela e das conversas. Mas que não nos afastemos da daquela alegria que um dia nos uniu, porque embora não nos falemos mais, permanecem em minha memória e em meu coração.

Uns seguiram caminhos diferentes, mudaram-se, ou apenas, mudaram.
Outros amadureceram e enchem-me o peito de orgulho.

Uns ficaram e terão sua amiga de volta em poucos meses, outros ficarão e nem sabemos se teremos uns aos outros novamente no futuro, mais uma vez ficam os planos, números de telefones e mails tão compartilhados como os sonhos de nos reencontrarmos no futuro, pode ser assim, na mesma terra que nos uniu, na europa ou no Brasil, o importante é que os planos permaneçam e que nossa amizade também.


Amigos e brigadeiro, eu não posso viver sem.






terça-feira, 24 de março de 2009

O starbucks tem o cheiro da felicidade


Com exceção do período que antecede a Páscoa, o Starbucks tem o cheiro da cozinha da minha mãe.

Pode parecer demagogia, mas não consigo mudar essa opinião. Não sei como é possível sentir prazer ao inalar algo que o paladar repele, o tal do café.

A teimosia já tentou mudar o final da sentença anterior, mas definitivamente, o sabor do café não está para as minhas papilas gustativas.

No entanto, existe aquela sensação incomparável de aproveitar cada segundo inalando o aroma matinal que me é tão familiar.

Depois de uma conversa difícil com a minha mãe, o que me proporciona maior prazer é ir ao Starbucks, tomar um chocolate quente, ou ler algo enquanto saboreio qualquer opção do menu que não seja café, não importa, contanto que o lugar seja aquele, que através do aroma me transporta em fração de segundos ao Brasil, no meu lugar preferido, mais precisamente na cozinha da minha mãe.

É o lugar que me ajuda com a palavra saudade, ou atrapalha, ainda tenho dúvidas.

domingo, 22 de março de 2009

A tão sonhada.... CARTA


Depois de quase 7 meses, entrando com as mão lotadas de correspondências, uma cai sobre o meu pé, quando olho... NÃO, NÃO POSSO ACREDITAR, é para mim e não está no envelope timbrado do banco, tudo na vida é possível!

From: Consulate of Mexico (Atenção, eu não disse "Suntrust")
To: Bruna Suracci

Corpo da Carta: Tourist Visa Requirements

1. Bla...blá...blá
2. Blá...blá...blá

3. Proof of income by means of either of the following
a) Letter of employment specifying earnings (Será que eles aceitam uma carta do Steven???)
b) Blá...blá...blá
c) Bank account statement or letter from the bank attesting average monthly deposits of at least $2,000.00 U.S currency

O que?
Não é possível. Ha uma semana atrás quando eu liguei para o consulado, tenho certeza que expliquei o Mexicano que eu era au pair (all poor, sacou?)

Porque será que as pessoas não conseguem associar o título de au pair com o desprivilégio financeiro. Portanto, como vou explicar ao tal mexicano do outro lado da linha que eu não posso depositar mensalmente em minha conta mais que o dobro do que recebo?

Alguém pode me esclarecer porque preciso provar ao tal Mexicano que tenho muita grana, para ir ao México?

Não, não estou falando da Alemanha que teria que transformar o meu dinheiro em euros ou na Inglaterra que o custo de vida é caríssimo e que ambos propiciariam-me uma vida glamourosa, estou falando do MÉXICO, aquele lugar em que um dólar vale 14.85 Pesos e que as pessoas nunca sonharam em viver.

Será que eles não entendem que au pairs sempre optam pelo dolar menu nos fast foods para economizar grana e fazer um cruzeiro? (nessa eu apelei, hein?...rs) e que definitivamente, eu não teria motivos para trocar a minha divertida vida de au pair por uma vida no México? Portanto, não existe risco de imigração.

E porque eles não aceitam que eu seja desprivilegiada financeiramente nessa estadia de au pair, mas que ainda assim, consegui reservar a quantia necessária para desfrutar de uma relaxante semana de férias com uma grande amiga nas águas do Caribe Cayman Islands, Jamaica e Cozumel?

Essa vida de au pair bancando a turista é muito mais burocrática do que eu imaginava.

sábado, 21 de março de 2009

O prêmio da semana

E o prêmio da semana vai para ...... o inventor das "boas palmadas"

Alguém pode enviar para o meu Host o manual de como utilizá-las?

Mas enviem pelo modo express, porque em uma semana, eu receio que as crianças dominem o mundo!

:0

quarta-feira, 18 de março de 2009

Eu quero o ingresso!!!

Esta a venda o ingresso para visitação do melhor lugar do mundo:
O meu quarto!

Depois de horas tentando desvendar os mistérios da conexão, eles aceitam o meu convite pela webcam, isso mesmo "ELES", no plural.

Quando a imagem começa a ser transmitida o peito se torna pequeno. Estão todos ali, naquela caixinha de paredes roxas.

No mural os recados ainda não lidos, mas já conhecidos, no espelho as mensagens, dentro da caixinha, os penetras.


Família, o primo que ainda não é primo, a bebê que virou moça, as barrigas mais queridas, dono do coração, as risadas mais gostosas.
Conversas que parecem novelas com direito a comerciais e próximos capítulos.

Agora sei que realmente os ratos fazem a festa quando o gato faz intercâmbio.
ESTÁ TENDO FESTA NO MEU QUARTO!!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Fio dental americano

2º Capítulo da série:
Impossível não dividir com o Brasil!
Que escândalo!

Ps. O menor que encontramos na loja.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O inglês que não se aprende na escola


Mesmo indo a escola com bastante frequência, não foi na sala de aula que me ensinaram isso, pode até ter sido nos corredores, nas minhas horas de folga e com certeza durante o trabalho ( o lado bom de viver com adolescentes), mas definitivamete, não foi na escola.

Convivendo entre crianças eu descobri que "Hand to Hand" significa lutar mão a mão, e que essa frase aparece aqui em casa diariamente, na prática.

"Salt on the wound" é sal na ferida (poderiamos melhorar isso usando aquele ditado que pimenta nos olhos dos outros é refresco) sacou?

Mas, foi cometendo uma gafe que eu descobri que "On the other Hand" significa "Por outro lado"

Quando você está no Starbucks com uma amiga e comenta que leu um livro muito chato que te fez sentir sono da primeira à última página você descobre que mais bonito do que dizer "From begin to the end" é dizer "From cover to cover"

Que se você comparar o seu inglês no dia em que desembarcou no país com o atual, poderá dizer com certeza que no começo era "A crying shame: Uma verdadeira lástima"

Que se você não "Keep a lookout: ficar atento", qualquer host family pode abusar da sua bondade.

É fora da escola que se aprende, que na hora que os hosts te olham com a cada de "Onde você vai????", aquilo que nunca fazemos, mas sonhamos em fazer um dia, é responder "Keep to yourself: Fique na sua"

"Pluck up courage" é o que precisamos fazer quando queremos pedir para viajar com o carro da família, tomar coragem.

"Have your back to the wall", é como você se sente quando a agência lhe envia uma carta para renovar o programa, a família espera que você diga sim, mas você não faz a mínima idéia de qual decisão tomar, nessa situação, você se vê "contra a parede, encurralada".

Se você disser a família que aceita e de repente ela começar a mudar com você, "It's no use crying over spilled milk: Não adianta chorar sobre o leite derramado"

Agora, se você tem a certeza de que não quer mais ficar com essa família, porque se tem uma coisa que você não faz é "to give as good as you get: levar desaforo para casa", faça com que eles "get real: Caiam na real" porque esse assunto está "out of the question: fora de questão".

Mas para isso, não precisa "rant the rave: fazer um escândalo"

Se tem uma expressão que todas as au pair sabem é "be in the red: estar no vermelho" e o que precisamos fazer para mudar essa situação?

Pull strings: mexer os pauzinhos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Uma Luluzinha invadiu o Clube do Bolinha

Uma História baseada em fatos reais.


Casa cheia de garotos, e só garotos.
Um dia chega a tal da Luluzinha e tudo começa a ser diferente. Acabou a liberdade de usar o banheiro com a porta aberta ou fazer piadas machistas, porque embora a Luluzinha tenha vindo de longe e carregue na mochila rosa um grande sotaque, ela é muito inteligente e tem sempre uma resposta na ponta da língua.

Ela sente saudade de fazer as unhas no quintal vestindo um shorts, de poder cantar no banheiro e dançar quando der vontade. E eles, sentem saudade de quando deixavam as roupas espalhadas pelas escadas e não precisavam encontrar no banheiro uma toalha lilás.

Aquela toalha lilás demarca o território sabe, alí, naquele mundo azul, de carrinhos e cuecas, existe uma Luluzinha.

As diferenças são muitas, mas ainda assim eles se amam, de um jeito estranho mas se amam (salvo algumas excessões).

Episódio nº 1:
Bolinha: Porque a sua camiseta é assim, ela está caindo?
Luluzinha: Não, é assim mesmo, é moda.
Bolinha: ahh!

Episódio nº 2:
Depois de 6 meses sob blusas e mais blusas fugindo do inverno, os termômetros marcam 80º F ☼ (muito quente)

Bolinha: Você poderia voltar e colocar uma roupa apropriada?
Luluzinha: A minha roupa é apropriada.
Bolinha: Não, camiseta apropriada precisa ter manga.
Luluzinha: Essa é a camiseta apropriada para "Bolinhas" e não para "Luluzinhas", Luluzinhas usam regatas antes de derreter de calor.

Narrador: (Imagine o dia que a Luluzinha vestir uma bermuda!)


Episódio nº 3:
Bolinha: Voce usa esse óculos de sol para chamar a atenção?
Luluzinha: Não, uso para..... ora, porque se usa um óculos de SOL??????
Bolinha: Pensei que queria chamar a atenção.
Luluzinha: Não queria, mas não consegui, ja chamei a sua mais do que deveria.

Episódio nº 4:
Bolinha: Eu preciso de privacidade.
Luluzinha: Eu também.


segunda-feira, 9 de março de 2009

As cartas não são para mim

Todos os dias eu vou até a caixinha do correio para buscar as correspondências, isso não faz parte do meu cronograma, mas ainda assim, o faço na esperança de encontrar entre tantas, alguma que seja "TO: Bruna" e não seja "FROM: Suntrust" ( Suntrust: Banco)

Essa história de viver correndo e poder gastar apenas alguns minutos entre uma garfada e outra no horário do almoço para digitar um e-mail à um amigo querido, nos ausentou da importância de escrever cartas e recebê-las.

Sim, cartas, aquele meio de comunicação elegante e obsoleto que precisa de tempo, de concordância, coerência, emissor e receptor e que não faria sentido se fosse preenchida com niilísmos como miguxa, vc, naum, blz, etc...

Eu digo aquela, escrita a punho que lhe vaz através da caligrafia, imaginar os sentimentos que preenchiam as mão que lhe escrevera. Que ao ser aberta, mesmo que irreal, aguçaria o seu olfato a ponto de sentir o cheiro de quem a redigira.

Sabe aquele cartão que faria o seu amigo passar vários minutos procurando entre tantos, um que melhor se aproximasse de você, da sua história, dos seus gostos ou da própria ocasião, aquele cartão que sem pretensão lhe tornava exclusivo? Tornou-se inexistente.



Hoje a Betsy recebeu uma carta. Era o veterinário dizendo pra que ela avisasse aos pais que precisa visitar o consultório veterinário e que será ótimo fazê-la reencontrar grandes amigos.



Até tu, Betsy?



Como a vida é irônica. Eu estou aqui, hábil a lê-las, dia após dia checando a caixinha do correio e elas não chegam. A coitada da Betsy, recebe-as e não pode lê-las.



Não, isso não é um apelo, portanto espero que elas não comecem a chegar depois desse post.

domingo, 8 de março de 2009

Era uma vez....
Um cinema, um filme que marcou a história, a trilha sonora que ocupou o primeiro lugar de sucesso.
Era uma vez uma turma, uma fileira de amigos, uma pipoca, uma troca de olhares e uma história muito interessante por vir.

Um QUINQUILHÃO de coisas.

Hoje ao receber um link pelo messenger e deixar algumas lágrimas rolarem, pensei:

- Tem coisas que realmente eu sinto saudade!


Forever and ever!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Cheers, you got it!



Entre uma caixa de Cheeze-it e o meu teclado, escapam-me as palavras. Seis meses. Estou tomando o meu Mojito "by myself" bebemorando sozinha a data que, de certa maneira, nunca tive a certeza que chegaria.


Seis meses é tempo demais, impossível contabilizar nesse tempo quantas vezes presentearam-me com um: "Have fun!", e "Good Job!"


Ainda me lembro exatamente o que fazia há seis meses, nesse mesmo momento. Tentava dormir, no cantinho mais aconchegante, depois de ouvir as canções mais brasileiras e relembrar os abraços mais apertados.
A língua já não me é tão estrangeira, assim como as ruas que percorro nos caminhos cotidianos. O dono do posto de gasolina, já tem o meu nome em sua memória e o cartão para ligações internacionais em mãos, quando estaciono o carro.
Nos corredores da escola, eu também sirvo para orientar os novatos, desde o dia em que deixei de fazer parte dessa categoria.
Consigo identificar qual o tempo necessário de ficar parada no semáforo até que ele mude de cor, e que se ao cruzar a 5th avenue não ver o ônibus escolar no sinal de STOP é sinal de estaremos atrasados para a escola.


Seis meses.



quarta-feira, 4 de março de 2009

Eu brincava de amarelinha...


Na época em que os sapatinhos eram "boneca" e os amigos do papai diziam que "eu daria trabalho", naquela época em que a minha maior preocupação era ensaiar para o comercial do DANONINHO, que nunca foi ao ar.


Aquelas coisas que aconteciam há muitos anos atrás, como comer goiabada que a vovó fazia com os frutos da goiabeira do quintal.


No tempo em que a Rapha só fazia birra, a Lari vivia com as pernas roxas, o Guigo nos ensinava tocar bateria com as panelas da vovó, o Rapha e o Ma nos ajudava a transformar o quintal em uma danceteria, colocando flanelas nos lustres e deixando a iluminação laranja.


Naquele tempo em que eu e Amandinha viviamos com os patins nos pés e a cabeça nas nuvens, que eu e a Bel brincavamos de desfile de modas com os nossos variados trapézios de bolinha, que o Muri era gorducho e tinha cabelinhos arrepiados, que a Nani, tinha aqueles olhos negros gigantes e aquele riso escancarado.
Quando o Marcelo era Dande e o Rick era Cacá. Quando a Tami tinha medo de tudo, até de acender o fogão, a Jéssica não comia nada e o Jú era o mais certinho da turma. Tempo em que a Rê me sacaneava e roubava a minha Coca Cola no almoço de domingo.
Quando o palhaço faísca animava as festas da Fer, e o Alex fritava a melhor batata de todas. Tempo em que brincávamos de descobrir desenhos em bolinhos de chuva e queimávamos a língua por não esperar o sonho da mamãe esfriar.

Memórias retrô, com elas vou até a avenida Brasil pra comemorar a copa do mundo. Passo o domingo no clube e dou grandes mergulhos.
Me lembro das viajens mais furadas, como um certo baratal. Me transporto ao sítio pra tomar banho de cachoeira, passear com a Criscka ou entrar no casarão mal assombrado.

Um tempo em que passávamos o dia bolando como roubar a barra de chocolate de 2kg da geladeira com direito a estratégias e divisão de responsabilidades. Um certo tempo em que esperávamos as férias pra fazer piquinique.

Um dia em que existia o bar do Koreano e a avenida era lotada.

Quando as melhores brincadeiras eram: forca, passa anel, verdade ou desafio, esconde-esconde, pular elástico, queimada ou dirigir um onibus com os bancos da vovó no quintal.
Caça tesouros nos aniversários, busca aos ovos na páscoa, e esperar o bom velhinho no natal, coisas que valiam muito.


Eu fui uma criança que preencheu seu albúm de figurinhas, não teve au pair e foi feliz.


Diante disso gostaria de saber porque inventaram o vídeo game e tiraram das crianças de hoje o incrível sabor da felicidade, e mais, delegaram a mim a incrível missão de manter três Pré-adolescentes americanos longe dessa invenção.

terça-feira, 3 de março de 2009

Uma menina fora da lei

Um dia eu fui um exemplo a ser seguido, mas há muito, muito tempo atrás...



Logo na minha primeira semana eu tive um encontro com o policial que dançava forró. Fiquem tranquilos, não foi um "affair" e também não aconteceu em nenhuma balada americana.
Era um dia de semana, mais precisamente uma manhã, quando voltava da escola dos meninos e vi um ônibus escolar parado.
A lei de trânsito americana é muito rígida em relação a isso. Se dirigindo pelas ruas deste país você encontrar um ônibus escolar parado para deixar alguma criança, não importe o que esteja fazendo, pare o carro, caso contrário pode conhecer o tal policial do forró ou receber a multa de maior penalidade.

Voltando...
Eu vi o ônibus amarelo parado em uma faixa do lado oposto da avenida e pensei que por estar na quinta faixa não deveria parar e segui, cantando e feliz da vida. Eu vi um carro de polícia atrás de mim, mas acostumada com aquele escândalo que a polícia brasileira faz ao parar um veículo, não imaginava que aquela única luz significava o "Pare ou você estará encrencada!" e não foi a toa que me encrenquei.
Minutos depois pensei:
-O policial deve ser meu vizinho, está indo pro meu bairro.
Quando estacionei, pensei:
-Ele mora na nossa garagem...... Ops, tem alguma coisa errada.

Saí do carro. Grande burrada.

Encrenca número 1. Não ter parado para o ônibus escolar.
Encrenca número 2. Não ter parado quando o policial acendeu a maldita (invisível) luz
Encrenca número 3. Descer do carro
Encrenca número 4. Não ser fluente.

Depois de um bom tempo tentando explicar o inexplicável ao tal policial, eu descobri que ele dançava forró.

Como?
A cada passo que eu dava para frente, ele dava um para trás. Estava comprovado: ele dançava forró!
E não havia nenhuma explicação mais justa.
Depois do episódio, o "santo Steve" me ajudou a sair da encrenca ilesa e me disse que devo manter uma certa distância do policial, a tal distância de segurança. Agora sim ficou explicado o lance do forró.

Depois disso, a moda é ser parada pela polícia. Eu ja fui alvo mais três vezes, mas nessas eu fui considerada uma pessoa "normal".

No entanto hoje, acabei de pagar a minha primeira multa. A primeira da minha vida.
Dirigindo acima da velocidade no único lugar em que eu não poderia ter ido, acho que eu virei uma menina fora da lei.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Depressão pós neve.

Nunca vi algum fenômeno natural mais belo do que floquinhos de neve caindo do céu. É capaz de deixar os olhos razos d'água em um primeiro momento, as mãos congeladas no segundo e a imagem perfeita cravada na memória eternamente.
Mas depois que o céu se cansa de apresentar seu espetáculo, o que nos sobra é a depressão pós neve.

Eu passei os primeiros meses do inverno praticando a dança da chuva diariamante pra ver se serviria para transformá-la em neve, mas não chovia, e claro, não nevava.

Um dia, os metereologistas afirmaram que no dia seguinte nevaria. Pronto, motivo de festa e ligações para todos os amigos. Mas a espera não se fez necessária, minutos depois, a caminho do shopping, vejo uma chuva fininha de "algodão doce" pousando no pára-brisas e na manhã seguinte, o meu mundinho ficou branco.




Hoje, depois de algumas vezes presenciando o incrível fenômeno, devo admitir que não é nada incrível quando ele acontece aos domingos a noite ou durante a semana. Aliás, se a minha dança da neve deu realmente certo, eu nunca soube, no entanto se aconteceu, essa técnica deve ter vazado aos ouvidos dos professores americanos e agora, todos os domingos eles devem se reunir e praticá-la.

Nada mais original da parte deles, visto que quando neva as crianças não têm aula no dia seguinte.


E não é que agora só neva aos domingos?


http://video.msn.com/?mkt=pt-br&vid=e662afa0-4b5c-4cf2-ae4f-498c5094faa2&playlist=videoByTag:tag:neve:ns:public:mk:pt-br:sf:ActiveStartDate:sd:-1:vs:0&from=PTBR_AFP&tab=m1192538568249


domingo, 1 de março de 2009

Ela não precisa mais de mim


Hoje o meu mundo desabou.
Todas as mães devem sentir um aperto no coração quando percebem que seus filhos estão bem crescidinhos e não precisam mais delas. Nada mais normal.

Mas e quando invertem-se os papéis? Existe algum manual que me explique o que fazer quando minha mãe não precisar mais de mim?

Essa tecnologia toda realmente mudou a minha mãe. Começou nas pequenas coisas. Na infância eu era necessária para levantar do sofá e mudar o canal da TV, até que um dia inventaram o controle remoto e tornaram-me desnecessária. Anos depois eu reconquistei o mérito e desta vez com um desenvolvimento profissional, decorando bolos, embalando ovos de páscoa, decorando cestas, desenvolvendo tabelas de preços, imprimindo-as ...bla...blá...blá.
Na última páscoa ela me mostrou ser uma boa observadora ao decorar cestas lindíssimas sem a minha ajuda.
A minha indignação prosseguiu ao chegar em uma festa e encontrar o bolo perfeito. Ela não precisou de mim para decorá-lo.


Dias antes de partir apresentei a ela a importância da informática, especialmente para diminuir a nossa saudade. Mais que depressa ela se mostrou uma ótima aluna, capaz de produzir o que quiser, enviar quantos e-mails precisar e digitar na velocidade da luz, e digo mais, se precisar de ajuda, ela pode ligar para qualquer sobrinho e obter uma resposta pronta, ou seja, perdi também o mérito de "Fonte de Pesquisa".

A páscoa está chegando, eis o motivo pelo qual o meu mundo desabou.
Hoje ela me disse que inventaram uma máquina de embalar ovos de páscoa. Isso mesmo, uma MÁQUINA.

Você sabe o que isso significa?
Inventaram uma máquina "Bruna" no mercado de embalagens! É o fim!

Eu continuo precisando dela. Porque quando leio uma receita, não encontro escrito "Filha, não esqueça daquele truque!", portanto eu continuo ligando para ela a cada nova receita que eu tente.
Mas depois de toda essa tecnologia eu me tornei completamente desnecessária.

Gente, a tecnologia roubou a minha paz e mudou a minha mãe, isso é um absurdo!

Meu mundo desabou, ela definitivamente não precisa mais de mim.