quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O que farei com o meu par de asas?

Não apenas pelo apelido angelical que pessoas tão especiais atribuem a mim, mas em especial por um dia, ao andar pelas ruas de Santa Bárbara d’Oeste, percerber que embora familiares e confortantes, elas se tornaram pequenas demais para mim. Bastou uma ferida aberta no peito, uma vontade insaciável de descobrir e pronto, estava decidido. Era hora de juntar todos os meus pares de asas e fazer as malas.
A mala vermelha era pequena para tantos, então era chegado o triste momento de escolher, palavra preconceituosa, que fez com que eu chegasse a um critério absurdo. Aquela asa cheia de glamour seria reservada para as noites de gala, a branca, leve e macia, para os dias ensolarados, aquela em tom vermelho provocante teria o papel de me fazer sentir sexy, e a preta elegante e maior de todas, para enfrentar o inverno. Mas todas, com o papel principal de me sustentar por horas e horas sem tocar os pés no chão.
No primeiro dia, elas ocuparam uma humilde porta do meu closet, mas hoje, quase seis meses depois elas são tantas que custam a caber também nas três outras que restavam. Em seis meses elas terão que entrar naquela mesma mala vermelha da qual saíram, e outras, a qual nem tiveram o prazer de entrar. E certamente eu e a preconceituosa palavra “escolher” entraremos em ação, novamente.

New York, NY não teria a menor graça se fosse assistida apenas pela minha telinha nas datas comemorativas e a frase mais fantástica não teria sido ouvida:
- Não é que a Estátua da Liberdade é verde mesmo?

Atlanta, GA seria ainda uma incógnita para mim e teria sido privada de olhar a imagem noturna e olímpica do ponto mais alto da cidade. E nunca ouviria da cadeira de $300 a diva e rainha dos gays cantando SHE’S NOT ME, em especial pelo fato de termos pago apenas $70 para estarmos lá.

Se não fosse por elas, a Flórida seria apenas um sonho de pessoas bonitas e carros importados e o último Reveillon teria sido apenas mais um. A Dysney nem seria tão mágica e Miami seria apenas Miami, aquela que os fãs da novela América conhecem apenas pelo balcão que a Mel (Débora Seco) dançava.

Sem a ajuda da minha mala vermelha, recheada com os meus pares de asas, não saberia quão linda é a capital da terra do Tio Sam, Washington DC, seria apenas mais um lugar no meu mapa com um alfinete marcando o que deve ser visitado antes que minhas asas parem de funcionar. Eu não saberia até hoje o quanto o Tom Cruise é baixinho e o quanto o Johnny Depp é encantador.

Não saberia o encanto das montanhas das Carolinas, nem teria o prazer de conhecer tanta gente especial se não tivesse vestido o meu par de asas e tivesse vindo parar em North Carolina.

Só me pergunto...

O que farei com o meu par de asas no dia de voltar?




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